XANGO ....O ORIXÁ DA JUSTIÇA E DO TROVÃO
É o orixá das pedreiras, das terras áridas e das rochas. Seu elemento é o fogo, dominando também o raio e o trovão.

O metal a que pertence é o cobre. Sua ferramenta principal é o Oxé (machado de dois gumes), simbolizando a imparcialidade na hora da justiça. Os filhos de Xangô são extremamente enérgicos, autoritários, gostam de exercer influência nas pessoas e dominar a todos, são líderes por natureza, justos honestos e equilibrados, porém quando contrariados, ficam possuídos de ira violenta e incontrolável. Este orixá rege as energias mais ativas, mas nunca gratuitamente. Quando provocado, sua energia é de afrontar seus inimigos com severidade, sendo implacável nas lutas contra a injustiça, atividade que exerce com maestria. Se for necessário, a energia Xangô emana-se sobre as feitiçarias a fim de redimir o inimigo. Por ser a energia da justiça, age com imparcialidade, emanando a sua força para resolver as mais difíceis questões, tarefa que ninguém gosta de fazer.

Sempre podemos recorrer à energia de Xangô quando nos defrontarmos com questões litigiosas ou problemas jurídicos. Neste orixá encontraremos decisões sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Este é o Orixá que apresenta o bem e o mal. Xangô se expande para todos que necessita, sem se dirigir apenas para um lado e nunca defender os interesses de um mesmo ponto de vista. Numa disputa, a energia de Xangô pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa a marca de independência e de totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada. Xangô emana também a energia da neutralidade. Seu raio e eventual castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os contras foram pensados e pesados exaustivamente. Seu Axé, portanto está concentrado nas formações de rochas cristalinas, nos terrenos rochosos à flor da terra, nas pedreiras, nos maciços.

Suas pedras são inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como o próprio Orixá. Axé de Xangô são as pedras chamadas “Pedras de Raio”, meteoritos que é a força da natureza. Tudo que se refere a estudos, as demandas judiciais, ao direito, contratos, documentos trancados, pertencem a Xangô. Xangô também rege o poder da política. É monarca por natureza e chamado pelo termo obá (Rei). No dia-a-dia encontramos a energia de Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos, lideranças sindicais, associações, movimentos políticos, nas campanhas e partidos políticos, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral. Xangô é a energia da ideologia, da decisão, da vontade, da iniciativa. É a energia da rigidez, da organização, do trabalho, da discussão pela melhora, o progresso social e cultural, a voz do povo, o levante, à vontade de vencer. Também o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança. Para Xangô, a justiça está acima de tudo e, sem ela, nenhuma conquista vale a pena; o respeito pelo Rei é mais importante que o medo. Xangô é o Orixá da Justiça e seu campo preferencial de atuação é a razão, despertando nos seres o senso de equilíbrio e eqüidade, já que só conscientizando e despertando para os reais valores da vida a evolução se processa num fluir contínuo.
As folhas de Xangô são aquelas que, assim como o Orixá, carregam a essência do elemento fogo, sendo geralmente de cor escura ou vermelha e urticante. São também chamadas de ervas gún, denominação em yorubá para plantas que promovem agitação.Entre as espécies utilizadas na Casa de São Lázaro, o melhor exemplo deste leque de plantas é a
Clidemia hirta (L.), conhecida como folha de Xangô, folha de fogo, pixirica ou, em yorubá, ewé irón. A planta é utilizada como decorativa, sendo as suas folhas utilizadas no amací para Xangô.
Lantana camara), sabugueiro (
Sambucus australasica), erva tostão (
Boerhavia hirsuta Wild), erva de São João (
Ageratum conysoides L.), aroeira roxa (
Schinus therentifolius), castanheira do Pará (
Bombax affinis L.) e urucum (
Bixa orellana L.) também são ervas de Xangô.
Além das ervas de banho e amací citadas acima, outras duas merecem destaque no culto a Xangô: o quiabeiro (
Hibiscus esculentus) e o dendezeiro (
Elaeis guineensis).
Porém, neste caso o destaque não são as folhas, como de costume, e sim o fruto. O quiabo é o principal ingrediente do Amalá, comida ritualística oferecida ao Orixá Rei. Já o dendezeiro, embora seja vinculado ao Orixá Ogum (também tido como Orixá do fogo), fornece o azeite de dendê, ingrediente básico nas oferendas e comidas de Xangô para “esquentar o Orixá”, ativando no filho no santo a energia do elemento fogo.
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